O improviso cancioneiro popular
Cantar partes que não estão nas músicas é algo que me irrita demais
Compor uma música, diferente do que possa parecer pra alguns, não é um trabalho simples. E fazer uma música de sucesso então.. muito mais complicado ainda. A não ser, é claro, que o autor tenha psicografado a canção, o que, sejamos francos, não é lá muito comum de acontecer. Pois bem, tanto trabalho pra se fazer uma música que caia na boca do povão e esse mesmo povão, em alguns momentos. faz o FAVOR de estragar a composição original adicionando partes à letra da música que nunca ali estiveram antes..
Como exemplo, pegarei três músicas dos anos 80 que o povo fez questão de ESTRAGAR ao adicionar partes.
1 – Dias de luta – IRA!
Esse caso é bizarro.. nessa música praticamente temos um refrão proibido, uma vez que a parte mais esperada da música é o riff que toca até na introdução da canção. A destreza de Edgar Scandurra nas guitarras o fez criar um dos riffs mais grudam na cabeça, mas que se torna praticamente IMPOSSÍVEL de se ouvir ao vivo, sabe porque? Porque no exato momento que é executado, o povo, em êxtase, inventou a letra “Porra, caralho, cadê meu baseado (2x) Se eu fumo, se eu cheiro, é só com meu dinheiro (2x)”. Ah, o povão adora cantar isso, fica todo aquele clima de espera pela volta do riff na canção só pra galera cantar isso novamente.
Na versão acústica, é possível notar que não rola o espaço pro povo cantar essa parte INEXISTENTE. E eu digo: AINDA BEM!
2- Pintura Íntima – Kid Abelha
Pra começo de conversa: acho Kid Abelha muito chato em todos os quesitos, mas não dá pra negar que a banda é uma máquina de HITs. E um dos maiores hits da banda sofre do mesmo mal da canção acima, com uma parte nada-a-ver-com-a-letra inserida pelo povão… mas nesse caso, não é um refrão-secreto, e sim uma alteração no próprio refrão da música, no momento de um solo de sax.
A música fala de um relacionamento possivelmente em crise em meio ao stress do dia-a-dia.. ok. quem, no stress, faria amor de madrugada não só EM CIMA DA CAMA mas também EMBAIXO DA ESCADA? Claro, a letra original não possui essa insanidade, mesmo porque casais modernos e estressados moram em apartamentos e apartamentos em geral não tem escada.
3- Que país é esse – Legião Urbana
Ah sim, finalmente um caso que a pseudo-letra faz sentido. a música tem quase 30 anos e consegue se manter atual (e particularmente acredito que sempre será atual..), com todo o seu questionamento sobre as podridões do país, colocado junto a isso um levantamento constante de fatos embasam tal crítica.
Ora, se a música já todo o tempo leva os fatos e lança a pergunta, sem dar a resposta, por que raios, quando refrão perguntar “QUE PAÍS É ESSE?” o povo precisa responder É A PORRA DO BRASIL? é pra mostrar que entendeu a letra? ah, tah…
15 de outubro de 2012 às 5:35
no caso da musica do kid abelha o povo ainda emenda apos o em cima da cama , embaixo da escada, com isso: primeiro a patroa e depois a empregada…cansei de ouvir isso qd ia nas baladinhas……kkkkkkkkkkkkkkkk
26 de agosto de 2013 às 12:03
Artista querendo controlar a vontade do povo, huahuahuahuhaua… Uma vez que a obra saiu da sua cabeça, da sua boca, da sua “pena” (no caso de escritores), esquece, mano: a obra está nas mãos da outra parte criadora dela, que é o ouvinte, o leitor, o fã. Lembre-se, pode ser irritante, mas se não fossem essas pessoas que alteram as letras (acredito por brincadeira ou catarse), mas que vão a shows e compram os álbuns (e livros, pinturas, esculturas, etc.), o artista não seria nada.
É claro que quando digo que as obras estão nas mãos da outra parte criadora, não quer dizer que você tem que dividir o crédito da criação com eles, mas todo artista sabe que ele não faz o trabalho sozinho, e sem estas pessoas eles não teriam a obra completa, que é parte criação e parte apreciação.
Abrass, e toma um suquim de maracujá, rs